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MANO BROWN RECEBE TITULO DOUTOR HONORIS CAUSA E FAZ DISCURSO EMOCIONANTE..

 Mano Brown sobe mais um degrau na história da música e da luta periférica ao ser homenageado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Sul da Bahia. Não é só mais um prêmio na prateleira é a coroação de uma trajetória que começou nas ruas, nas vielas, no grito sufocado de quem foi ignorado por séculos. Agora, aquele que sempre empunhou o microfone como uma espada recebe um diploma que muitos duvidaram que ele um dia teria. Na mesma semana, o reconhecimento se estende: Brown é também eleito Ícone do Ano pela GQ Brasil. Mas sua reação mostra que, mesmo de terno, o homem continua com os pés firmes no chão da quebrada. Ele brinca com a responsabilidade que vem com o título, mas deixa claro: a jornada mudou de fase, e ele está pronto pra evoluir com ela.

A voz de Brown, sempre firme, agora carrega um novo peso o peso da representatividade acadêmica, da intelectualidade que nasce da vivência. Em entrevista, ele diz: “Doutor, mano! Agora não dá pra vacilar. Não posso ser pego com maconha, não posso deixar documento vencer, nem entrar na pilha de quem tenta me tirar. Minha vida tá indo pra um lado novo e eu preciso aprender a andar nesse caminho. Quero melhorar, dia após dia, pra estar à altura desse reconhecimento.” Cada palavra é como uma lição viva: não importa de onde você veio, importa pra onde você está indo. E Brown deixa claro que esse caminho é sério. É sobre postura, responsabilidade e consciência. Ele sabe que agora carrega mais do que o nome carrega um legado, uma geração, uma cultura inteira sobre os ombros.
Mas o rapper não guarda essa vitória só pra si. Pelo contrário. Ele estende o título como se fosse uma medalha coletiva, compartilhada com todos que ajudaram a erguer o hip-hop nacional. “Essa conquista não é só minha. É dos Racionais, do Sabotage, do Facção Central, do MV Bill, do Dexter, do RZO, do Djonga, do Emicida… É de toda uma cultura que resistiu quando tudo queria que ela morresse.” Brown entende que ser doutor é, agora, ser porta-voz de uma luta que vai além dos palcos. É ser símbolo de uma revolução silenciosa que está colocando os pretos, os periféricos e os marginalizados nos espaços que sempre lhes foram negados. Ele não romantiza o luxo, não se ilude com grifes. Pra ele, o verdadeiro prêmio é ver o povo conquistando conhecimento, ganhando consciência porque é essa riqueza que tem o poder de libertar de verdade.
No fim, o discurso de Brown não é sobre vaidade, é sobre missão. A roupa de grife, o prêmio de gala, o tapete vermelho tudo isso ele vê como detalhe, como parte do espetáculo. Mas o foco é outro. “O que liberta é o conhecimento”, diz, com a mesma firmeza de quando rimava sobre desigualdade e opressão nos anos 90. Brown transforma o título de doutor em ferramenta. Ele se vê, agora, como um guia que pode mostrar a outros o caminho que ele próprio trilhou, com sangue, suor e resistência. Porque, no fundo, essa conquista é mais uma ponte construída entre a favela e o futuro. E enquanto muitos se perdem nas luzes da fama, Mano Brown acende faróis na escuridão. E o recado fica: saber é poder e agora é hora do povo aprender a usar esse poder.